quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

The truth is out there...

Enquanto nós por cá discutimos túneis e noites brancas, lá fora os temas são bem mais interessantes.
O porta-voz do governo japonês mostrou-se convicto de que existem OVNI's, isto apesar de, garantiu, a Força Aérea ter apenas, nas suas missões de reconhecimento, detectado alguns passáros. Esta afirmação - aos meus olhos algo bizarra - vem na sequência da exigência feita pelo partido da oposição de que se efectuasse um inquérito às frequentes denúncias da existência de OVNI's nos céus do Japão. O governo assegurou a população de que está atento e de que tem jactos disponíveis para interceptar obejectos voadores suspeitos. Cuidado Super - Homem.
Na África do Sul, Zuma ganhou as eleições para o ANC . O que é que isto quer dizer? O país mais evoluído de África terá, muito provavelmente, no curto período de dois anos - após o término do mandato de Mbeki - um demagogo no poder. Contra este homem pendem acusações de violação e corrupção. A primeira feita por uma mulher portadora do vírus HIV. Quando confrontado com este facto Zuma, para além de ter afirmado que as relações mantidas foram consensuais, disse que apesar de não ter usado preservativo tomou as devidas precauções, lavando-se após o acto. The prosecution rests...

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Útil

Na Venezuela o embaixador de Portugal lança Blog para aproximar os jovens da embaixada, da realidade e actualidade portuguesas e dos assuntos relacionados com a comunidade lusa local.:

http://contactojovem.blogspot.com

Agradável

All that jazz - parte II

"Um pedido de desculpas de José Sócrates aos portugueses pela "situação de insegurança" que se vive no país e a abertura do PSD para "todos os consensos parlamentares" que possam viabilizar mais meios para as polícias até ao final da legislatura." fonte Jornal Público.
Ora deixa ver se percebi: o Sócrates deve pedir desculpa aos portugueses pelo facto de meia dúzia de rufias terem decidido assinar outros tantos, ali para as bandas do Porto. Em primeiro lugar, eu não me sinto ofendido. Em segundo lugar, não me sinto inseguro. Em terceiro lugar, não passei nehuma procuração ao Dr. Menezes para exigir um pedido de desculpas em meu nome.
Ao que parece, segundo Paulo Portas, o problema resolve-se com mais polícias. Ou com polícias mais bem formados. Ou, digo eu, com menos barriga. O bigode não. Deixem-no estar. É sinal de respeito e compustura.
Polícias e câmeras de vídeo. O meu receio é que este enredo, se acompanhado com uns belos de uns donuts - ou, uma vez que falamos de gente do norte, com umas belas de umas francesinhas - corre o risco de se tornar uma espécie de Cops.
Apenas um aparte: ao que parece, a confiar no que tem sido veiculado pela comunicação social, discutiu-se hoje no Parlamento o que se tem vindo a passar na noite lisboeta e portuense. Afinal o Santana sempre é o homem certo para o serviço.

O Kosovo por quem sabe disto

Já hoje aqui escrevi sobre o Kosovo. rferi então a importância deste dossiê para a União europeia. Não vou por isso repisar o tema. Na verdade, pouco mais tenho para ler. vou debicando aqui e ali a informação disponível. Por isso chamo a vossa atenção para o texto de Timothy Garton Ash - eminente historiador -, publicado no jornal Público.
"Algures durante a próxima década, dois países europeus tornar-se-ão membros da União Europeia. Chamar-se-ão Sérvia e Kosovo (ou possivelmente Kosova, a grafia preferida pelos albaneses kosovares). Os cronistas farão notar que um destes países fizera parte do outro. A Sérvia que se tornar membro da União Europeia será a Sérvia remanescente, uma sombra da que existira, como a Áustria a seguir à Primeira Guerra Mundial. Esta evolução terá sido obtida após um vale duradouro de sangue, suor e lágrimas. Nas próximas semanas, quando a questão da independência do Kosovo estiver ao rubro, podemos estar certos de que haverá mais suor e lágrimas, mas podemos, com sorte e sensatez de todas as partes, evitar mais derramamento de sangue.
Esta conclusão não será inteiramente justa, como num tribunal exemplar. A História não acontece desse modo; pratica uma justiça aproximada, na melhor das hipóteses. Têm morrido e sofrido sérvios inocentes, tal como albaneses kosovares inocentes. Recordo-me de como trabalhavam esses albaneses kosovares sob o chicote de Slobodan Milosevic. Tenho diante dos olhos, enquanto escrevo, as minhas próprias fotografias de famílias deslocadas, de casas em ruínas, de sangue na neve. Falei com mães desoladas que choravam no meio do entulho. Mas também vi a perda do lado dos sérvios. Esses preciosos mosteiros ortodoxos sérvios, as pérolas arquitectónicas de Decani, Gracanica e Pec, figuram entre os primeiros lugares que visitei nos Balcãs, há mais de 30 anos, e permanecem entre as visões mais belas daquilo que, numa época mais crente, costumávamos chamar a terra de Deus. Agora, de acordo com as medidas de protecção dos acordos internacionais propostos para o Kosovo, serão ilhas num outro país, onde só se pode chegar atravessando território povoado e controlado por um povo hostil, pelo menos de momento.Não sei fazer um balanço histórico que esclareça se este resultado é justo. E há 160 anos que os liberais vêm falhando em resolver a questão de saber quem e sob que circunstâncias tem o direito à autodeterminação. Mas há duas coisas de que tenho a certeza. A primeira é a de que o maior responsável por esta perda sérvia é Slobodan Milosevic - que apodreça no inferno -, com a ajuda e a cumplicidade de dois criminosos de guerra ainda a monte, Radovan Karadzic e Ratko Mladic. Jamais esquecerei as palavras melancólicas que um monge me dirigiu no mosteiro de Decani, escassos dias após a invasão da NATO, no Verão de 1999, ter expulsado as forças sérvias. Slobodan Milosevic, declarou este religioso ortodoxo sérvio, não só tinha perdido o Kosovo, como destruído totalmente do ponto de vista físico e espiritual o seu próprio povo. A segunda coisa que afirmo com convicção é a de que esta será a solução menos má não apenas para o Kosovo, mas também para a própria Sérvia. Desde o Verão de 1999 que a Sérvia não exerce qualquer soberania efectiva sobre o Kosovo, exceptuando as partes sob controlo sérvio a norte do rio Ibar. No fundo dos seus corações a maioria dos sérvios sabe que o Kosovo está perdido; mas nenhum político sérvio o reconhecerá publicamente. O Kosovo é uma chaga no corpo da política sérvia, impedindo que políticos, autoridades e jornalistas se concentrem naquilo que de facto importa para a prossecução do bem-estar do seu povo. Sim, trata-se de uma amputação, mas por vezes, mesmo dispondo da tecnologia médica do século XXI, é melhor para o paciente sofrer a perda de um membro gangrenoso.A verdadeira questão agora não é a de saber se esta é a boa solução, mas de que modo será levada à prática. A melhor forma de a promover foi bloqueada pela intransigência da Rússia de Putin. A forma de a concretizar - nesse sentido trabalharam arduamente o ex-Presidente finlandês Martti Ahtisaari e outros negociadores - seria obter uma resolução do Conselho de Segurança da ONU dando o seu aval ao chamado "plano Ahtisaari". Este define um percurso de independência vigiada para o Kosovo, com ampla protecção e autonomia dos lugares santos, comunidades e municípios sérvios. A Rússia não está a prestar qualquer serviço aos seus congéneres eslavos ortodoxos na Sérvia, ou a si própria, ao ser tão sanguinária - mas tem sido sanguinária e tudo indica que sanguinária se manterá a seguir às recentes eleições russas.A pior forma de promover a solução seria o novo governo kosovar - sob a liderança do ex-dirigente do antigo Exército de Libertação do Kosovo, Hashim Thaci - precipitar-se para uma declaração unilateral de independência, DUI. Essa iniciativa poderia suscitar uma reacção violenta por parte de extremistas sérvios e da população sérvia a norte do rio Ibar; uma resposta colérica das autoridades de Belgrado (especialmente ao aproximar-se uma eleição presidencial), possivelmente envolvendo um bloqueio energético e comercial, já para não falar da provável retórica do olho por olho, dente por dente por parte da chamada República Sérvia da Bósnia.O melhor modo de promover a solução que é exequível, à falta do consentimento russo, é o que os negociadores experientes designam "declaração de independência coordenada", DIC. O novo governo kosovar concretizaria o seu almejado objectivo ao longo de três meses, mas em estreita coordenação com a União Europeia e outros parceiros internacionais. Tanto o momento como o modo seriam acordados. Os albaneses kosovares ligariam explicitamente a sua proclamação histórica à aceitação do plano Ahtisaari, incluindo uma nova delegação internacional para supervisionar o governo do proto-Estado, a continuação da presença da NATO e a garantia de adopção de uma Constituição liberal e de protecção dos direitos das minorias. Se tiver coragem e sabedorias suficientes, Thaci tornará expressivamente claro o seu compromisso multiétnico, assinalando o momento com umas quantas palavras generosas e bem escolhidas em sérvio.Não obstante apoiada pelos EUA, NATO e, tanto quanto a Rússia o permitir, pela ONU, a União Europeia lideraria os novos preparativos - ao fim e ao cabo o Kosovo fica na Europa e não no Wisconsin - e dar-lhes-ia a perspectiva mais ampla de o novo Estado se tornar membro da UE. Essa perspectiva, porém, não deveria ficar confinada ao Kosovo. Deve estender-se a toda a região.
A UE acaba de assinar com a Bósnia aquilo que em eurojargão se designa por "acordo de associação e estabilização" - um passo importante para eventualmente se tornar membro. A UE devia tornar absolutamente claro, através de gestos diplomáticos públicos dirigidos ao povo sérvio, que deseja proceder de igual modo com a Sérvia - no dia seguinte à entrega do primeiro dos dois criminosos de guerra Karadzic e Mladic. Além disso, idealmente, os kosovares deveriam ser persuadidos a esperar até dia 3 de Fevereiro, a data prevista para a segunda volta das eleições presidenciais na Sérvia, num esforço para garantir que um último espasmo emocional entre os sérvios não catapulta um extremista para a presidência em Belgrado. (A Sérvia, contudo, não deveria poder adiar a independência do Kosovo por mais tempo adiando a realização desta eleição.)A declaração de independência coordenada do Kosovo, o mais tardar em Fevereiro, seria assim acompanhada de uma resoluta proposta europeia feita aos sérvios: negoceiem a soberania formal sobre o Kosovo pela hipótese concreta de um futuro melhor na UE. Da boca para fora a maioria dos sérvios dirá não; nos seus corações talvez comecem a dizer sim."
Professor de Estudos Europeus em Oxford

O Kosovo no xadrez europeu.

Acabou ontem o prazo para a Troika UE - Rússia - EUA entregar o relatório sobre a situação no Kosovo a Ban Ki-moon. Os dirigentes kosovares tinham também estabelecido a data de 2007/12/10 para se chegar a uma solução negocial acerca da situação política daquela (ainda) região da Sérvia. Se assim não ocorresses, ameaçavam, declarariam unilateralmente a independência.
Como era óbvio, não o fizeram. E não o fizeram porque para tal necessitam do apoio dos seus parceiros internacionais: UE e EUA. Se o apoio destes últimos é mais ou menos evidente o da União remanesce algo nebuloso. Países há que apoiam a independência. No entanto, no ventre da Europa há questões autonómicas sensíveis que não convém abalar. Podíamos referir Espanha e o País Basco, França e a Córsega, a questão cipriota ou até mesmo a belga. Convém por isso à Europa tratar com pinças este dossiê. Requer-se uma diplomacia concertada e que os actores europeus tenham a noção da Europa como um todo, deixando de lado os interesses individuais dos países de que são originários.
O Kosovo é, talvez, o maior teste à política externa europeia. A solução não é fácil mas é óbvio que apenas uma resolução negocial é aconselhável. A Europa deve evitar a todo o custo uma declaração unilateral de independência por parte do Kosovo.

Entre o género e a raça!!!


Nos EUA, Oprah pode tornar-se decisiva para que Barack Obama seja o candidato democrata às eleições presidenciais. Confesso que aguardava com alguma ansiedade uma tomada de posição por parte daquela que é, unanimente, considerada a mulher mais influente do mundo. Imaginava-a dividida entre a raça e o género. Entre a sua condição de afro-americana e de mulher. Entre Obama e Hillary. Mas desta vez ela teria de se decidir. De abandonar a neutralidade suiça que tem demonstrado em todas as eleições e optar. A escolha pode nem ter sido fácil - o que aconteceria se Rice se intrometesse?? -, mas era de certo modo óbvia. As mulheres brancas perdoar-lhe-ão mais depressa...
As negras estão com ela. E com Obama.

Ao cidadão informado deveria ser indiferente saber em quem vota uma estrela do showbiz, por mais socialmente empenhada que esta possa ser. E Oprah, é sabido, é-o. Ajudou a reconstruir Nova Orleães, criou escolas em África que acolhem meninas dotadas que de outra forma não teriam possibilidade de aceder às melhores Universidades mundiais e todos os dias aborda no seu programa questões mais ou menos relevantes, ainda que num tom sempre algo lamechas e apelando ao sentimentalismo barato.

Ora, o eleitorado democrata é maioritariamente do sexo feminino e é sabido que a maior parte dos afro-americanos são, por razões quase óbvias, democratas. Daqui a importância de Oprah nestas primárias. O seu público coincide quase em absoluto com o eleitorado democrata. Ao apoiar Barack fez já com que Hillary passasse para segundo lugar na corrida, pela primeira vez nesta pré-campanha. E fê-lo apelando ao coração. Ao american dream.

Um apoio destes é quase uma garantia de vitória para Barack. Direito de antena diário, para mais de 10 milhões de espectadores, é algo com que nem Bill Clinton pode competir. Hillary recorreu já ao que foi em tempos chamado o primeiro Presidente negro dos EUA, pedindo-lhe que seja mais activo na campanha. Mas temo bem que nem esta mudança de raça de Bill salve Hillary, a quem não chega ter um marido negro que de pouco lhe valerá sem uma Oprah...